O ESPORTE AMADOR EM BARRA BONITA
O esporte amador em nossa cidade, sempre se caracterizou pela sua força, no futebol. E, pelas pesquisas efetuadas, consta que o mesmo foi implantado aqui, em 1910.
O introdutor do futebol da "Villa" de Barra Bonita, segundo consta, foi Gennaro Boccia - mais conhecido como "Genarin" - oriundo da "Fazenda do Padre" em São Manoel.
O primeiro local para os treinos era um pasto onde, mais tarde, foi aberta a Avenida 15 de Novembro (imediações da atual Oficina dos Irmãos Oioli). Tempos depois, os treinos foram transferidos por Genarin para o pasto do Lourenção, onde hoje se localizam as ruas Fernão Salles, Salvador de Toledo, João Pessoa e Avenida da Saudade.
A primeira vitória (1 a 0) ocorreu em Mineiros. Faziam parte da equipe: Luiz Marconi, Pedro Gatti, Diógenes (o tipógrafo), Emílio Blazissa, Pedro Ferrazoli, Armando Strutzel, Genarin, Ernesto e Sebastião Sampaio, José Capelozza, Antonio Juliani, Luiz e Mario Sancassani, Francisco e Júlio Franco de Arruda, João Gatti, Manoel Carvalho, Gumercindo de Oliveira e Arthur Battaiola, o autor do gol.
Em 1912, "Genarin" mudou-se para São Paulo e a prática do futebol foi interrompida até 1915 quando, no dia 29 de novembro, foi fundado o "Sport Club 42", e eleita a Diretoria sob a Presidência do Dr. Agenor Simões e membros: Dr. Caio Simões, Demósthenes Gonçalves, Juvenal Pompeu, Francisco Lourenção, Dr. Horácio Young, Sebastião Moraes e Mário Campos Costa.
Contudo, a agremiação não sobreviveu, mas os jovens da época continuavam a praticar o futebol que voltou a ser notícia em 1919, quando, por iniciativa de um grupo de esportistas, entre os quais: Arthur Battaiola, Lícurgo Battaiola, Menotti Battaiola, Ernesto Sampaio, Emílio Blazissa, Luiz Marconi, João Guzzo, Arthur Turi, Henrique Dala Chiara e Leone Stangherlin, foi fundado o "Flamengo Futebol Clube".
Não havendo na cidade terreno disponível para os treinos, contaram os "flamenguistas" com o apoio e valiosa colaboração do senhor Cláudio Lopes, industrial e comerciante pioneiro de Barra Bonita que, prontamente, cedeu uma área de sua propriedade (barreiro) à margem esquerda do Rio Tietê (Igaraçu), nas proximidades do atual Porto de Areia Rancho Alegre.
Para aplainar o terreno, os diretores organizaram um mutirão, contando com os torcedores, "armados" de pás, enxadas, picaretas, enxadões e muito entusiasmo, executando os trabalhos à noite (para não perder o dia de serviço) sob a luz do luar e quando este se fazia ausente, queimavam o capim seco ao redor do campo e o clarão do fogo iluminava tudo!
Com o campo pronto, os treinos começaram a atrair considerável assistência pois era passagem e parada obrigatória dos que iam ou voltavam de Igaraçu.
O Flamengo fez seu jogo de estréia contra o time da Estiva, e perdeu por 1 a 0, gol marcado por um jogador conhecido apenas por Esmeraldo que tinha o costume de dar saltos, cambalhotas ou "vira-cambotas" até o meio do campo, para festejar a marcação do gol, comemoração que é feita da mesma maneira, nos dias de hoje, pela maioria dos jogadores. Eis os "craques" revelados por ambas as equipes: FLAMENGO: Luiz Marconi, Chico Franco e Ricardo Jacomin; Emílio Blazissa, Anibal Juliani e Ernesto Sampaio; Demósthenes Gonçalves, Pedro Ferrazoli, Arthur Battaiola, Menotti Battaiola e Dr. Agenor Simões. ESTIVA: Aldo Spaulonci, Natale Spaulonci e Etore Spaulonci; Menelique Antonangelo, Pí e Bellini; Francisco Girotto, Lécio Parezan, Esmeraldo, Piva e Stringheta.
Para um jogo tão importante, não podia faltar a Banda de Música, a da Estiva, conhecida como a Banda do Pepino Antonangelo, que incentivou seus jogadores com valsas e dobrados e depois da vitória desfilou com os atletas pelas ruas de nossa cidade até o Bairro da Estiva.
Como curiosidade, contam que, naquele tempo, os jogadores não usavam chuteiras. Jogavam de sapatos, alguns usavam chapéu ou palheta (muito em moda na época), paletó e calções compridos bem abaixo dos joelhos. Os juízes eram substituídos numa mesma partida, de três a quatro vezes. Não existiam redes nos gols, e a primeira rede usada foi feita de arame. As bolas eram rudimentares e algumas feitas com bexiga de boi.
O Flamengo continuou até que um grupo de jovens decidiu fundar um novo clube que levasse o nome da cidade: a Associação Atlética Barra Bonita em 21 de abril de 1923, agremiação que tem um capítulo especial na nossa história.
Além da A.A.B.B., do Vila Nova FC, Ponte Preta e Botafogo, outros clubes se formaram, temporariamente, entre os quais, o Operário, Comercial, Santa Terezinha e "Ciclistas", este integrado apenas por jogadores que possuíam bicicletas.
(Fontes: Depoimentos verbais; jornais, "A Folha" e "O Município" e "Memórias de Barra Bonita", de Domingos Settimio Frollini).
OUTROS ESPORTES
Além do futebol, outros esportes eram praticados em nossa cidade, como, as touradas, cujas instalações para realização das mesmas, eram localizadas na atual Avenida 15 de Novembro, defronte onde hoje é a oficina dos Irmãos Oioli, e, que tinha como seu incentivador, o toureiro local, conhecido apenas como "João da Cerca". Em dias de tourada, para cá vinham toureiros famosos de toda região, e era um espetáculo que empolgava. Mais tarde, as touradas e os rodeios (montaria de animais ainda não amansados) realizavam-se em circos com instalações especiais.
As corridas a cavalo, as famosas "raias" também eram realizadas, tendo como palco a Alameda Municipal, hoje Avenida da Saudade sendo o ponto de largada defronte ao Hotel Terway hoje Hotel do Abdala Arradi e seu ponto final em frente ao Cemitério Municipal. Essa era a famosa "raia do Lourencinho", um excelente cavaleiro que organizava as mesmas. As "raias eram realizadas também no Bairro da Estiva pelo Sr. José Antonangelo, o "Pepino" Antonangelo como era mais conhecido, e também no Bairro de Campos Salles. Curioso que, essas "raias eram sempre prestigiadas pelo Dr. Campos Salles, ex-Presidente da República, quando aqui vinha em visita à Fazenda Santa Maria de sua propriedade, localizada neste município.
O jogo de bocce ou bochas, um esporte que se tornou popular, foi trazido da Itália pelos imigrantes italianos. A primeira cancha de bochas foi construída junto ao Hotel Mantovani, do Sr. Thomaz Mantovani, à Rua Campos Salles. Posteriormente, novas canchas foram instaladas nos clubes, bares e zona rural.
O remo também foi bastante apreciado e praticado pelos jovens barra-bonitenses na década de 1920, mas teve pouca duração, face ao alto custo dos barcos e da manutenção dos mesmos, sem esquecer as perdas provocadas pelas enchentes em 1929.
A natação no Rio Tietê, ainda não poluído, também atraia grandes competidores. Ficaram famosas as provas anuais de "Travessia do Tietê a Nado", partindo do local onde hoje está a Ponte do Açúcar e chegando na Ponte Campos Salles. A partir da década de 1970 os campeonatos locais e regionais de natação passaram a ser realizados nas piscinas da AA.Ponte Preta (atual Ideal Ponte Clube) e AA.Barra Bonita.
O atletismo, em suas várias modalidades, foi aqui implantado no final da década de 1940 e início de 1950, graças aos esforços e idealismo de nossa conterrânea Abigail Nascimento, que lançou-se com entusiasmo e determinação à tarefa de treinar e formar atletas - moças e rapazes - para competições regionais e estaduais. Seu empenho levou Barra Bonita a participar, pela primeira vez, dos Jogos Abertos do Interior (Rio Claro 1949) e Troféu Bandeirantes (São Paulo 1950), sendo que nesse último, Abigail Nascimento foi o grande destaque, conquistando para nossa cidade, o vice-campeonato do interior, no arremesso do disco.
O pedestrianismo e o ciclismo foram responsáveis por momentos de grandes emoções nas provas "Corrida da Fogueira", "Nove de Julho", e inúmeras competições de velocidade e resistência, que revelaram grandes atletas e ciclistas locais.
Com o correr do tempo, outros esportes foram surgindo, como: futebol de salão, voleibol, basquetebol, esqui aquático, boxe, tênis, tênis de mesa, xadrez, judô e outros, os quais, com o apoio dos clubes e do Poder Público Municipal, levaram nossa cidade a participar de inúmeras competições organizadas por entidades oficiais.
Em 1965, foi realizada a Primeira Olimpíada de Barra Bonita, promovida pelo "Disneylândia Clube", uma agremiação modesta, formada por jovens barra-bonitenses, ainda adolescentes. A ousadia de bancar tão importante evento marcou de forma indelével a curta trajetória dessa agremiação fundada em 1964 e que tinha como slogan: "o clube que nasceu com a Comarca", ficando registrado o elevado senso de responsabilidade e o espírito esportivo de seus diretores e integrantes.
Em todas as competições esportivas das quais participaram, os representantes de Barra Bonita sempre se destacaram pela disciplina e espírito esportivo, superando, muitas vezes, com seus talentos individuais, a falta de técnica e preparo físico, realizando verdadeiras façanhas para ocupar o "podium" dos vencedores.
Por falta de registros de todos os participantes e vencedores de campeonatos, torneios e olimpíadas disputadas, deixamos de fazer a citação de nomes para não cometermos falhas ou injustiças, pois todos merecem estar no "Quadro de Honra" do esporte de Barra Bonita.