Nossa História

Barra Bonita
Entre a mata exuberante e o rio cristalino, destacava-se uma orla de areia alvíssima, formada no estuário de pequeno córrego caudaloso, que desagua no Rio Tietê. Ao entardecer, descambando o sol no horizonte, a natureza oferece um espetáculo deslumbrante, impregnando a vista do visitante com as cores de uma cena paradisíaca. Como se principiasse uma tempestade de luz, céu e terra se transformavam, ruborizados de início, para um momento despejarem cintilantes raios luminosos, numa fantasia cromática, intercalando matizes, como uma festa de focos e faróis deslumbrantes. Esse espetáculo de natureza marca na memória do visitante, como que uma referência de destaque, apontando como estaca, ao reencontro, às futuras jornadas, a lembrança do expressivo título que ficou para sempre, ressaltando e nomeando o local que nos acolhe: BARRA BONITA.

História de glórias
As águas traçaram o percurso inicial de nossa história. Esta região sempre recebeu grande fluxo de bandeirantes, desde o tempo das colonizações, graças as facilidades de navegação pelo rio Tietê. Assim como eles, o rio desbrava e invade o interior do Estado de São Paulo. Por volta de 1883 ou 1886 (a data oficial é bastante discutida), o povoado obteve a denominação de Barra Bonita, nome originário de um córrego que situa-se, até os dias de hoje, no centro da cidade.
A vinda dos imigrantes italianos e espanhóis, trazidos pelo Coronel José de Salles Leme, o "Nhonho Salles", propiciou a formação de um ciclo de exploração comercial, dando início as derrubadas das matas, para o plantio de café e criação de gado. Neste período, foi instalada a Câmara Municipal (aos 8 de março de 1913) e Barra Bonita foi administrada por um prefeito: Major João Baptista Pompeu.
Paralelamente ao plantio do café, surgiram as primeiras olarias, formando uma sólida fonte de renda para o povoado. As indústrias do barro proliferaram graças a facilidade de encontrar e abundância de argila na região ribeirinha. Cerca de 150 carros de boi faziam o transporte de telhas até Jaú, o centro comercial mais próximo, na época.
Barra Bonita será eternamente grata ao ex-presidente da República, Manuel Ferraz de Campos Salles, pela construção e instalação da Ponte Campos Salles, que merecidamente leva seu nome. Com grande festa, foi inaugurada em 5 de março de 1915, criando um ágil elo de ligação às cidades de Igaraçu do Tietê e São Manuel.
Na década de 20, deste século, após a instalação da Estrada de Ferro Barra Bonita, o município apresentava boas perspectivas econômicas. Mas permaneceu em fase estacionária, até por volta de 1930. A partir de então, fatores de ordem financeira e administrativa criaram uma nova estrutura econômica, desencadeando um período de grande progresso.
Os resultados desse progresso eram sensíveis, na década de 40, com o surgimento de novas indústrias, ampliação do mercado imobiliário e um incentivo latente ao aparecimento de uma nova cultura: a cana-de-açúcar. A cidade conheceu sua principais melhorias públicas, até aquela data.
A agricultura passa a comandar um período de grande ânimo, caracterizado pelo aumento da demanda de mão-de-obra, que, num processo de crescimento, desenvolveu o comércio do município, em todos seus setores.
Hoje, mesmo com a predominância das atividades agrícolas canavieiras, a indústria se faz forte nas áreas de pisos cerâmicos e equipamentos eletrônicos. O turismo, beneficiado com a paisagem natural e a interferência humana, caso da bela ponte Campos Salles e da eclusa da hidrelétrica da CESP, está em franco crescimento, atraindo principalmente o turista interessado em história e ecologia.

Imigrantes
Nossa cidade deve a maior parte de seu desenvolvimento aos imigrantes e, de modo especial, à colônia italiana, que aqui se fixou no final do século 19 e início do século 20, época do início da formação do povoado e da Vila de São José da Barra Bonita.
Segundo a historiadora Célia Stangherlin, havia, em cada imigrante, um sonho de riqueza a se concretizar. O café,
chamado de "ouro verde" e as pedras preciosas, das quais
tinham ouvido falar, eram a promessa de uma nova vida de sucessos.
Célia Stangherlin destacou uma curiosidade na história local dos imigrantes italianos. "Dona Tereza G. Bolla, imigrante italiana, que chegou ao Brasil, aos 18 anos, em 30 de dezembro de
1897, juntamente com o esposo Ferrúcio, com 25 anos, e uma filha recém-nascida, Éster, contava as dificuldades da viagem no navio, onde quase tudo era racionado". Segundo o relato de
dona Tereza, resgatado por Célia, a água para se beber, era colocada numa cartola, a mais de um metro de altura e, nela, se colocava uma chupeta (tipo de bico de mamadeira antiga) para os passageiros "chuparem" a água, quando estivessem com sede. "Todos bebiam no mesmo bico. Assim, evitava-se o desperdício, para não faltar água em alto mar".
Em 1922, Pedro Ometto comprou ótimas terras em Água Santa: 60 alqueires. Pedro e Narcisa tinham três filhos: Ernesta, Dovílio e Helena. Na Fazenda Primavera, nasceram: Orlando, Natalina, Odete e Isaltina. Pedro queria todos os filhos instruídos, as meninas com curso normal e os rapazes com curso superior. Mudaram-se para Piracicaba, afim de que os filhos tivessem boas escolas. O único filho que não ficou em colégio interno foi Orlando, pois, quando
a família se mudou, estava com apenas 7 anos.
Em 1935, Pedro, João, José Basinello e Mário Dedini compraram mais terras e constituíram a Usina Costa Pinto Ltda. Em 1943, a empresa comprou uma fazenda de 340 alqueires, no município de Barra Bonita. Foi o início da Usina da Barra.