ABASTECIMENTO DE ÁGUA E REDE DE ESGOTO, O SERVIÇO AUTÔNOMO DE ÁGUA E ESGOTO - SAAE

ABASTECIMENTO DE ÁGUA E REDE DE ESGOTO - 14/12/1922

Considerando que a povoação era localizada em meio a grande manancial formado pelo Rio Tietê, Córrego Barra Bonita, poços e nascentes próximas, que forneciam água potável, o abastecimento de água era feito de forma satisfatória, embora não existissem redes domiciliares e nem coletores de esgotos.
O aumento da população e as constantes reclamações da mesma no sentido de contar com esse importante melhoramento, fizeram com que as autoridades se empenhassem ativamente para resolver o problema. Os primeiros registros sobre o assunto datam de 1913, encarecendo as providências não só para a água encanada, mas também sobre a necessidade de saneamento das margens do Rio Tietê para combater a febre palustre (maleita) que vitimava os moradores locais.
O abastecimento continuou precário, até que em 16 de setembro de 1919, a Prefeitura decretou a desapropriação de um manancial e terrenos anexos, pertencentes aos Herdeiros de Maria Filomena de Almeida Pompeu, localizados nos subúrbios da cidade, para normalizar a situação. No dia 20 de outubro, o Capitão Juvenal Pompeu reuniu na Câmara Municipal, toda a comunidade representada por fazendeiros, comerciantes, industriais, capitalistas e o povo em geral, para fundar uma empresa, cujo capital, dividido em ações, seria destinado a instalação da rede de água e esgotos. A subscrição de 200 ações pelos presentes surpreendeu a todos, tendo o senhor Juvenal Pompeu assim se manifestado: "não deixa de ser uma ótima promessa para garantia de tão elevada idéia".
Não foi fácil cumprir a promessa. Os desapropriados entraram na Justiça reclamando um alto preço para o manancial que, em moeda da época, foi avaliado em quatro contos de réis pela Câmara Municipal. Salvador de Toledo Piza, árbitro da questão, fixou o valor em dez contos de réis, em 11 de junho de 1920. Não havendo acordo, a ação foi encaminhada para instância superior. A decisão final foi estabelecida pelo Juiz de Direito da Comarca que, em janeiro de 1922, determinou o pagamento de quatro contos e seiscentos mil réis, como valor da desapropriação.
O caminho, finalmente, estava aberto para as obras dos serviços de água e esgoto. A Lei nº 34 de 25 de março de 1922, autoriza um empréstimo de cem contos de réis e o prefeito Antenor Balsi, pessoalmente inicia a escavação das valetas para instalação dos canos. Sua determinação é notável e garante aos barra-bonitenses que até o Natal os serviços estariam terminados.
Assim, no dia 14 de dezembro de 1922, quando da comemoração do décimo aniversário de elevação a Município, o povo e a Câmara Municipal festejavam e oficializavam o grande acontecimento. Após os discursos de praxe, o Presidente da Casa, Demósthenes Gonçalves oferece aos presentes, com grande alegria, um copo de água tirado da torneira instalada na Câmara! Um gesto simples que marcou, de forma indelével, o grande significado de tão sonhada conquista! Não foi possível completar a rede de esgoto. Os serviços, por serem mais complexos, só foram concluídos em 1927, destacando-se neles o trabalho do Prefeito Antenor Balsi.
O abastecimento de água e a rede coletora de esgotos foram se ampliando de acordo com as necessidades e o crescimento da população.
Em 1939, uma grande estiagem fez com que as nascentes d’água diminuíssem seus volumes, prejudicando seriamente o consumo dos moradores, obrigando as famílias a percorrerem longas distâncias para obterem o precioso líquido. O então Prefeito Luiz Scaglione tomou uma medida drástica: determinou que as águas do Rio Tietê fossem ligadas à rede e que a utilização das mesmas fosse somente para fins de higiene. Os poços e as minas de águas limpas continuariam atendendo as necessidades de água potável. Essa situação só foi superada com a abertura de dois poços semi artesianos, no governo do Sr. Hermínio de Lima, em 1956.
A abertura de novos e grandes loteamentos e a implantação de núcleos habitacionais, como por exemplo: a Vila da "Tenco", atual Vila Operária, a Vila Habitacional, a CECAP, as COHABS I, II e III, o Distrito Industrial e todas as Vilas que se estenderam pela zona rural, ampliando o perímetro urbano e aumentado o consumo de água, determinaram a abertura de novos poços artesianos nas Vilas: Nova, Habitacional, Correa, na Cohab, no Distrito lndustrial, no Bairro da Água Brava e nas proximidades do Lar São Vicente de Paulo, obras essas realizadas pelas administrações que se sucederam, de 1960 a 1983: Vicente Antonio Zennaro Manin, Dr. Clodoaldo Antonangelo (duas vezes), Dr. Wady Mucare (duas vezes) e José Kyelce dos Santos. Acrescente-se que tal melhoramento foi proporcionado a toda zona rural, incluindo: Estiva, Entulho, Ponte Alta, ltaipu e os bairros de Campos Salles e Barreirinho, beneficiados com o conforto da água encanada.
A rede de esgoto também teve sua extensão ampliada, acompanhando o crescimento da rede de água. O Córrego Barra Bonita que era o principal condutor de esgoto a céu aberto, teve toda matéria orgânica e águas servidas canalizadas em ambas as margens, desde sua foz até a Ponte da Rua Marechal Floriano (anos 1979/1982), constituindo-se em uma das grandes realizações do Prefeito José Kyelce dos Santos referida no Capítulo: "A canalização do Córrego Barra Bonita.


O SERVIÇO AUTÔNOMO DE ÁGUA E ESGOTO - SAAE
Para administrar o abastecimento de água e a rede de esgotos, foi criada uma autarquia: Serviço Autônomo de Água e Esgoto - SAAE - através da Lei nº 727, sancionada pelo Prefeito Dr. Wady Mucare, em 21/12/1971.
O SAAE funcionou em prédio cedido à Praça Hyppólito Lopes, Vila Operária, até a inauguração de sua sede própria à Rua Winifrida nº 339, em 19 de março de 1976, e sobre esse acontecimento falaremos no capítulo: "A inauguração do prédio do SAAE".