
Serão gerados aproximadamente 400 empregos na nova indústria
>>> A empresa americana de biotecnologia Amyris começa a se instalar em Barra Bonita a partir da próxima semana. Representantes da empresa tem se reunido com o atual prefeito José Luis Ricci, o Zequinha, definindo os últimos detalhes. A Amyris é líder no desenvolvimento e produção de ingredientes sustentáveis para os mercados de saúde, bem-estar, beleza e fragrâncias a partir da cana de açúcar. O barracão será construído ao lado da Camil, outra grande empresa que se instalou recentemente na cidade.
A expectativa é de que a empresa entre em operação em 2021 gerando aproximadamente 400 empregos na cidade.
A AMYRIS
Com sede em Emeryville, no Vale do Silício, onde está a renomada Universidade da Califórnia, em Berkeley, a Amyris nasceu quando um grupo de cientistas recebeu da Fundação Bill e Melinda Gates cerca de 42 milhões de dólares. O objetivo do financiamento era baratear a produção de artemisina, medicamento de combate à malária.
O projeto não só vingou como, durante as pesquisas, os cientistas descobriram que a tecnologia desenvolvida também poderia ser usada para outros fins. Na prática, o que a Amyris sabe fazer e que interessa ao Brasil é modificar geneticamente organismos vivos como a Saccharomyces cerevisiae, a levedura usada no processo de produção da cerveja e também do etanol. Uma vez modificada, e em contato com o açúcar, essa levedura pode dar origem a uma série de moléculas. Uma delas é o farneseno, com a qual a empresa já detém conhecimento para produzir um diesel de origem vegetal que tem desempenho semelhante ao de origem fóssil. Com outra molécula será possível produzir combustível à base de cana para aviões e até mesmo um substituto para a gasolina comum. A combinação de açúcar e farneseno também pode render substitutos para outros produtos que hoje têm origem fóssil, como lubrificantes para carros, solventes para a indústria de tintas e compostos para empresas de higiene e limpeza. Aliando biotecnologia de ponta com a cana tradicional, a Amyris quer transformar o Brasil em pioneiro num novo tipo de negócio: o das biorrefinarias.
A tecnologia é considerada tão promissora que muitos grupos brasileiros acompanharam os grandes fundos de capital de risco americanos e também fizeram aportes na Amyris (veja quadro). A Votorantim, por meio do fundo Votorantim Novos Negócios, o grupo Cornélio Brennand, que tem sede em Pernambuco, e alguns investidores de menor porte também são sócios da companhia. “Visitei uma série de empresas na Califórnia”, afirma Francisco Andrade, diretor de novos negócios do Cornélio Brennand. “Nenhuma delas era tão revolucionária.” Os grupos Cosan, Bunge e a Açúcar Guarani também assinaram, em dezembro, acordos para se beneficiar da biotecnologia.