A CASA AZUL

 

 
Da fazenda dos Toledos, depois Riachuelo (cujo nome até hoje persiste), partia um córrego, descendo pelas fazendas Santa Maria, São José do Paraíso (hoje conhecida por Fazenda Velha), e o Santa Gertrudes (ou Fazendinha dos Moraes) e vinha bem abaixo, encontrar-se com outro córrego. Este tinha sua nascente na Fazenda Fortaleza, que era então muito conhecida por "Fazenda do Nho Láu". Também procurando as baixadas, esse pequeno rio passava pela Fazenda Conceição, nos velhos tempos conhecida por "Fazenda do dr. Mário", Bela Vista, também chamada de Fazenda Marcondes e Sant'Ana. Nesse local dava-se então encontro de ambos. Misturando suas águas, os dois córregos, agora um só leito, procuravam seu destino: serpenteando aqui, desviando-se acolá, iam em busca da mansidão do grande rio. E o encontravam bem perto "daquela barra bonita".
Naqueles tempos, a localidade que mais tarde seria conhecida por Barra Bonita era passagem de muitas tropas e boiadas. Ali onde os dois córregos se encontravam, existia uma bela sortida "venda".
Era a "Casa Azul". Os viandantes, tropeiros, boiadeiros e os fazendeiros se utilizavam também de uma estrada que por ali passava, em demanda de Mineiros e Dois Córregos. Todos paravam na "Casa Azul", pois o estabelecimento comercial mais próximo situava-se na Estação do Banharão, distante 18 quilômetros.
As águas límpidas dos dois córregos, o agrupamento de casinholas de pau a pique e barrote, os recursos da "Casa Azul" serviam de refúgio e descanso para os viajantes em suas longas jornadas.
Consta que o primeiro comerciante ali estabelecido era um português, conhecido, inexplicavelmente, pelo indígena nome de "Emboaba", casado com uma irmã de Luiz Wolf, um suíço, que a história de Barra Bonita registra como um dos pioneiros proprietários e formador da Fazenda Ponte Alta.
"Emboaba" estocava a "Venda Azul" como também era conhecida, com mercadorias que ia adquirir em Campinas, utilizando-se de longa caravana de burros cargueiros, viagem que durava, entre ida e volta, sessenta dias. (Depoimentos de sua sobrinha Antonieta Güther)
Os primeiros fazendeiros se armaram de coragem, e a fundação de um povoado naquele local, foi sugerida. Todavia, logo esse entusiasmo arrefeceu, por serem os terrenos vizinhos, constituídos de altos e baixos, não oferecendo condições ideais para o empreendimento pretendido. A instalação do "Porto Barra Bonita", pela Navegação Fluvial Ytuana, bem próximo a foz do córrego mesmo nome, fez com que, naturalmente, o agrupamento residencial se iniciasse mais próximo do referido porto, então principal fonte de comunicação e comércio.
Conseqüentemente, a "venda" foi perdendo sua freguesia, os casebres ao redor pouco a pouco abandonados e, seguindo a trilha que margeava o córrego, o novo povoado foi se formando próximo ao Rio Tietê.
O tempo passou e a "Casa Azul" hoje é apenas uma lembrança da fundação da cidade que, ao seu redor não foi possível acontecer. Por tudo o que representou, não poderia deixar de figurar na História de Barra Bonita.
Atualmente, faz parte da propriedade agrícola da família Dalla Vale e quem desejar conhecê-la é só seguir a antiga estrada Municipal Barra-Mineiros, Água Brava, até a subestação da Cia. Paulista de Força e Luz, passando pelo fundos da mesma e na primeira entrada à esquerda seguir direto até o local.